quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

AVATAR - Uma Pintura em Tela


O ano era 1984. Um andróide (ou ciborg) vem do futuro para matar uma mulher que dará a luz a um garoto que, no futuro, organizará os humanos contra máquinas que tomaram o poder por meio da força bruta. Este enredo era a base do filme O Exterminador do Futuro (Terminator).

Eu tinha 8 anos de idade e o Arnold Schwarzenegger me dava medo. A película era despretensiosa, com orçamento modesto e destinado ao ostracismo. O porém é que por trás da direção tinha um cara que regeu a orquestra magistralmente e transformou aquela “low-budget Sci-fi” em uma obra Cult. Todos sabem que eu estou falando do James Cameron.

Cameron demonstrou ser um diretor nem um pouco sutil. Eu explico: seus filmes são barulhentos, com máquinas pesadas, armas pesadas e ação bem dosada, além de que os atores desenvolvem seus personagens de maneira que não comprometam nada. Pois bem, ele nunca foi o meu diretor favorito, este lugar é de Spielberg, o diretor que marcou minha infância e adolescência, tudo o que ele “tocava” virava “ouro”, seja dirigindo ou não. Tubarão, E.T., Contatos Imediatos de 3º Grau, 1941, Indiana Jones, A Cor Púrpura entre outros, são trabalhos como diretor e como produtor temos a série De Volta Para o Futuro, Gremlins, Os Goonies, Viagem Insólita etc. Estou ilustrando isto para explicar o porquê da minha preferência por Spielberg (apesar de que seus trabalhos mais recentes perderam a “magia” de outrora).

Voltemos a James Cameron.

Este diretor, como foi dito antes, tem a mão “pesada”, sabe onde põe os pés e sabe entreter de maneira simples e direta, sem rodeios. Quando tenta criar algo mais sentimental, recebe muitas críticas negativas (Jack e Rose que o digam), porém nada que comprometa suas obras.

Depois de O Exterminador do Futuro, ele aventurou-se a dirigir uma seqüência: Aliens - O Resgate (Alens, 1986), a parte “2” de Alien – O 8º Passageiro (Alien, 1979) de Ridley Scott e, pasmem, ele conseguiu igualar o sucesso do filme antecessor. Nesse filme, Cameron esbanja ação, suspense, violência e, é claro, efeitos especiais para todos os gostos. A partir daí vieram obras marcantes como a continuação do Exterminador (inovador e ainda me prende na frente da TV), True Lies (divertidíssimo) e... Titanic (1997), um filme que, para os homens (homens mesmo) começa a partir da parte em que o navio bate no Iceberg e que, para as mulheres (ou qualquer coisa congênere), começa com o close nos olhos do Leonardo DiCaprio bem no início. O filme ganhou tudo o que tinha direito e deixou Cameron no topo (merecidamente). Titanic pode ter seus baixos, mas seus altos são mais visíveis. O certo foi que, depois disso, Cameron fechou-se em copas, fazendo coisas menores. Surgem rumores de que ele estaria trabalhando em algo meio que secreto. Algo concebido antes até de Titanic. Aí começaram especulações em cima de especulações. Será que é continuação disso, continuação daquilo... e por aí vai, aliás, ia. De repente começaram a pipocar imagens de seres azuis, com a face estilo Thundercats. Aí pronto, começou o Hype! Os nerds do mundo entraram em ebulição. “Que porra é essa que James Cameron ta aprontando dessa vez?”, alguns perguntavam. “Serão os Smurfs evoluídos ou mutantes?”, indagavam outros. Foram meses e meses nessa lenga-lenga. Eis que, do nada, surge um nome: AVATAR.

Aí pronto (novamente)! Para quem não sabe, Avatar também é o nome de um desenho animado que faz muito sucesso no mundo nerd/geek e até fora dele, por isso começaram a pensar que o filme seria baseado neste desenho animado, mas esqueceram que o projeto é datado dos anos 90 ainda e o cartoon é beeeeem mais recente. Portanto, fail!
Cameron deixava vazar pouca coisa, “somente” dizia que era algo nunca antes feito, seria algo revolucionário e inovador. Isto já era o bastante para ouriçar o mundo dos “movie-lovers”, pois todos sabem da capacidade do diretor para realmente inovar (lembram do T1000?). O tempo foi passando e um teaser é lançado. Huuum, já vi isso antes. Imagens grandiosas (O Senhor dos Anéis já fez), ação vertiginosa (vários filmes fizeram), seres azuis (Smurfs, man!) e outras coisa do gênero. Com a apresentação dos vídeos, o fogo foi baixando e tudo levava a crer que o filme não passaria de uma fantasia misturada com ficção científica simples, pra não pensar muito. O roteiro base também foi-nos apresentado: Um planeta (com “selvagens”) sendo invadido por humanos, estes no intuito de conseguir um mineral valioso. Êpa! Como é o nome desse planeta? Iraque? Que mineral é esse? Petróleo? Se bem que os “selvagens” estão mais para índios do que iraquianos, mas não tem problema, os americanos os tratam da mesma forma quando realmente querem algo.

Bem, viu-se que o roteiro não era nada inovador. Cameron quis (e consegue) nos mostrar uma mensagem ecológica e alertadora, mesmo que de forma muito simplista e piegas (realmente não é a praia dele). Em Aliens, debate-se muito que ele quis fazer uma analogia com a guerra do Vietnam, mas isso é outra história.
Chega o dia da estréia, vou para o cinema e bum! Algo grandioso salta aos meus olhos: Filas enormes e todos os ingressos esgotados. Voltei para casa azul (sem trocadilhos) de raiva, mas não desisti. Fui dois dias depois, cheguei mais cedo e escolhi a sala 3D (aconselho ver em 3D) mesmo sendo dublado.
Bum! Aí sim, algo grandioso interessante. Pensei: Que “filhadaputa” esse Cameron!!!! É pessoal, ele conseguiu novamente. Que coisa deslumbrante que se vê na tela durante quase 3 horas de projeção. Projeção é a palavra. Você sente-se projetado para dentro daquele planeta (de nome Pandora, esqueci de mencionar). Tudo é tão real!
Vamos lá, o filme gira em torno de um fuzileiro naval paraplégico, que por ter o mesmo genoma do seu irmão falecido – que era um cientista – é recrutado para ir até Pandora fazer parte de um projeto denominado Avatar (A palavra Avatar provém do sânscrito avatāra, conceito do Hinduísmo, que significa "descida de uma divindade do paraíso (à Terra)" e a conseqüente aparência terrena desse ser celestial (em particular refere-se às dez formas de representação de Vishnu). Sua mente seria transportada para o corpo de “fabricado” verossimilhante aos dos nativos do planeta, os Na´Vi , e com isso, seria fácil integrá-lo entre este povo azul de uns 3 metro de altura para angariar informações e tentar convencê-los a entregar para o povo do céu (os humanos) um mineral muito valioso. O certo é que o fuzileiro assume o seu Avatar e fica deslumbrado como o que vê diante de si ao ser apresentado à natureza de Pandora. Aliás, nós somos convidados a assumir os olhos do fuzileiro e de fato o fazemos (veja em 3D, por favor). É inebriante a seqüência de imagens que vem a seguir. Tudo foi minimamente criado para dar um maior grau de realismo possível. A tecnologia conseguiu criar um ecossistema maravilhoso e de uma complexidade extrema. E o que dizer dos Na`vi? Olha, só vendo para ter uma a verdadeira experiência. A textura da pele é assombrosa de tão real.
No que tange à fauna e à flora, a imaginação do diretor mostrou-se mais fértil do que uma mulher de quadris largos (que comparação hein?). O visual explode na tela. O uso da tecnologia 3D nos faz entrar, quase que literalmente, na floresta. Pássaros e insetos “pousam” ao nosso lado, folhas passam por cima de nossas cabeças, a poeira “suja” nossas roupas... É tudo tão primoroso.
No quesito atuação, temos uma Sigourney Weaver discreta, mas muito charmosa (como sempre) e os outros atores em seus devidos lugares sem escorregar. No mais, bem, no mais, só experimentando, não vou falar mais nada para não estragar. Avatar é um filme concebido para chocar visualmente e mostrar em que o cinema vai se tornar daqui para frente. Se por um lado, a mensagem ecologicamente correta pode ser considerada algo repetitivo (em minha opinião, nunca vai ser. Envergonhei-me mais ainda em ser humano), o restante lhe faz ver que o cinema continua sendo algo para divertir, entreter e, por que não, emocionar. Cameron afundou (no bom sentido) magistralmente com Titanic e emergiu duas vezes melhor com Avatar. Ele sabe divertir e prender a atenção do espectador, sabe que o tema escolhido é “batido”, mas não pode ser esquecido, sabe que somos o “povo do céu” e como tal viemos para a Terra para destruí-la. Cameron, o cinema não-sisudo lhe agradece novamente.

Um comentário:

LeoJoseph disse...

Cara assisti ao filme e gostei muito.O que eu achei interessante foi a forma como a tecnologia 3D foi utilizada no filme.O Cameron não fica dando aquela sensação de que as coisas estão voando pra cima da platéia, criando aquela sensação de susto.Pelo contrário,ela te dá uma sensação de profundidade incrível. A teconologia é tão impressionante que fica quase impossível distinguir os personagems humanos daqueles criados por computador.
Nota 10 pro filme.
Um abração e feliz ano novo.