segunda-feira, 23 de julho de 2012

Prometheus: Ridley Scott e o fogo do Cinema bem feito.



Quem conhece o mínimo que seja de cinema, já ouviu falar em Ridley Scott, um diretor de filmes cultuados, apesar de comerciais. Temos Blade Runner - O Caçador de Androides e Alien – o 8º Passageiro como expoentes de uma época serena e até inocente do cinema (especialmente o de ficção científica).


Ridley Scott, se gênio não for, é competentíssimo no que faz e propõe. Em minha concepção, está ao lado de figuras como James Cameron, Richard Donner, Spielberg e Scorsese na arte de contar histórias, sejam elas piegas ou não. Ao ver Blade Runner pensei ao final: “Que porra foi essa?”, pelo simples fato de não ter entendido nada, também pudera, eu era somente uma criança que alugou um VHS por causa da capa estilosa, ainda mais que tinha o cara que fazia o Indiana Jones.


Depois de crescido, vi novamente e pensei: “Que porra foi essa?”, pelo simples fato de ter entendido dessa vez. Minha segunda impressão do Ridley foi a que ficou...


Quando vi Alien pela primeira vez, pela TV mesmo, lembro que meu pai fazia ótimos comentários sobre o filme e isso prendeu demais minha atenção. Tenso, aterrorizante e insano. Filme que ainda dá de cano de ferro em muita besteirinha hype por aí.


Pois bem, depois de sumir um pouco, eis que aparece o Prometheus, nova obra de Scott que, por ironia, veio coberta de hype.


Prometheus veio como um prelúdio do primeiro filme do Alien, isto é, era vendida a ideia que a película viria explicando a origem do “bixo da boquinha saliente”. De fato existe alguma ligação (não darei spoilers aqui), sutil, mas existe e, por este motivo, considero o roteiro montado como o meio de uma história e não o início.
O visual do filme é deslumbrante e grandioso e dá a exata dimensão do que o diretor quer passar: um Universo possível e não surreal (imagino esse filme feito pelo Terry Gilliam rsrssrr). Elementos do Blade Runner, Alien e até do Gladiador estão presentes.


O filme trata sobre a origem da vida na terra. Que originalidade!!!!. Não esqueçamos que estamos falando do Ridley. Como vemos muito no History Channel, existem evidências (ou não) de que fomos visitados por seres extra planetários em tempos remotos e este é o ponto de partida, já que um grupo de cientistas consegue achar uma lógica em desenhos feitos no início da civilização humana e encontrados em sua maioria em cavernas. Simplesmente descobrem que os desenhos, na verdade, são convites dos seres para conhecermos sua terra que talvez seja de onde viemos (o nome da espaçonave que os leva até o local chama-se Prometheus, nome de personagem mitológico que rouba o fogo dos deuses e dá aos humanos). Loucura não? Não!


A partir daí começam as conjecturas existenciais, filosóficas e religiosas e muita gente reclamou disso, pois acham que tudo foi jogado muito rapidamente com difícil compreensão e falta de profundidade (para mim foi um deleite deixar minha mente aberta e absorver o que estava vendo, me senti um Descartes).
A expedição é composta por uma tripulação heterogênea o que gera conflitos ideológicos e até físicos. Não vou dar mais detalhes da trama para não estragar a surpresa.


É importante dizer que a “bancada” Cristã, na maioria de seus membros, acha o filme blasfemo por colocar nossa origem longe das mãos de Deus e criar uma esdrúxula teoria sem base. Fica a pergunta: Quem disse que o filme descarta Deus? Só o torna mais complexo, o que achei genial!
Prezados, Prometheus é uma obra de ficção científica que nos faz pensar, se não logo após sua projeção (acabei de ver e fiquei dividido sem saber se gostei ou não), pelo menos vai fazer pensar quando colocar a cabeça no travesseiro: “Que porra foi essa?”.