quinta-feira, 10 de junho de 2010

Borboletas Amarelas





É inegável que estamos cegos! Não conseguimos mais ver nada! No máximo vislumbramos sombras (ainda na caverna?). A cegueira dos espíritos humanos é muito grande. Não há o que se observar, tudo já é conhecido, nada mais surpreende. Essa errônea concepção será a ruína de nossa malfadada humanidade.

O Pathos foi-se a não mais voltou!

Mas, em alguns lampejos, o espanto com as coisas torna-se presente. Certo dia, ao passar, de automóvel mesmo, por uma avenida, fui surpreendido por uma súbita invasão de inúmeras borboletas amarelas que voavam na direção do veículo. Aquela visão fez-me reduzir bruscamente a velocidade para observar aquilo tudo. A sensação causada por aquela situação despertou em mim algo adormecido: contemplação.
Elas voavam livremente e levadas pelo vento. Muitas, eram muitas. Não tentei achar uma explicação científica para tal “fenômeno”, somente desarmei-me de qualquer concepção, dogma ou falsa sabedoria. Usei meus olhos não como “janelas da alma”, mas sim como espelhos em que as nobres borboletas poderiam ser refletidas e terem a mais absoluta certeza da nossa inferioridade perante elas.

Foram afastando-se e o tempo começou a voltar ao normal. Um simples instante fez valer todo o resto do dia, talvez a semana, talvez toda uma vida.
Existem rumores que a substância contida em asas de borboletas em contato com olhos pode causar cegueira. Não sei se isso é lenda, mas se for verdade, já que estamos cegos mesmo, melhor seria se fosse por causa das asas daquelas maravilhas amarelas.