segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Melancolia....


MELANCOLIA

Em tempos de filmes catástrofes, Lars Von Trier nos presenteia com sua visão do fim do mundo de maneira bastante peculiar, à maneira Lars Von Trier, ou seja, uma obra introspectiva e “arrastada”. Mas não pense que por ser arrastada a obra em questão é de mau gosto, pelo contrário.

MELANCOLIA (Lars Von Trier, 2011) é um filme sobre o Apocalipse e, como o título diz, melancólico, diferente de todos os outros filmes sobre o tema. O filme é dividido em dois atos, contando a história de duas irmãs bem diferentes em se tratando de comportamento e visão de mundo, do fim do mundo.

Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg são as atrizes responsáveis por nos trazer Justine e Claire, respectivamente, irmãs em constante atrito. Justine acaba com o próprio casamento no dia da festa e Claire é bem casada. Dessas nuances, Lars consegue perpassar através de sua lente fria e sempre em movimento (trêmula) uma visão da vida extremamente “sem graça” e misantropa, em que o aviso do fim do mundo torna-se o pano de fundo para o desenvolvimento das personagens. São reações totalmente distintas (e como são distintas!).

Mas “peraí”! Como será o fim do mundo? Trier, mais uma vez, mostrou sua esperteza roteirística ao criar um planeta em rota de colisão com o nosso (sei que isso não é nada original), planeta chamado Melancholia. A rota de colisão é inevitável e a vida, como a conhecemos, irá acabar.

A película é algo lento e tenso ao mesmo tempo, pois, mesmo quando as cenas tratam-se das relações humanas, sabemos que a cada segundo o planeta invasor está se aproximando. O espectador fica com aquela sensação de que é um filme sonolento, e até concordo com essa visão, mas é aquele tipo de sono em que se dorme com um dos olhos abertos. Não quero mais entrar em pormenores já que, desta maneira, corro o risco de “entregar” muita coisa. Deixo o filme como sugestão de algo diferente do que estamos acostumados de ver (inclusive diferente de outras próprias obras do Lars). É um filme para aventurar-se e angustiar-se, um filme interminável, mas com um fim tão frio que chega a queimar as sinapses, ainda mais quando nos identificamos com uma ou outra personagem. O que fazer quando sabemos que o mundo vai acabar em horas? Lars já sabe o que fazer e nos diz que a melancolia e não “o” Melancholia está acabando com nossas vidas.