quinta-feira, 8 de julho de 2010

Naked



Hoje me senti como Frank Drebin. Perdido em pensamentos para depois atentar para a grande pergunta: Onde diabos eu estava?

Esta indagação simplória não parece ser de difícil resposta em termos empíricos, porém ao fazê-las olhando-se para trás, tudo torna-se complicado. O que eu fiz em minha vida pregressa que me levou a estar exatamente onde estou neste momento? Muitas combinações foram necessárias até este resultado “final”. Passei grande parte do dia ouvindo músicas que fizeram-me recordar de tempo em que eu era “somente” um rapaz com a visão mais otimista e que vivia sem grandes preocupações. As lembranças foram se amontoando em minha cabeça de forma a criar certo tipo de nostalgia que fez o tempo parar. As coisas inverteram-se. Imaginei-me com 14 anos de idade imaginando como seria minha vida hoje, quase 20 anos depois. Definitivamente, onde estou não era onde eu pensava estar.

Isso é ruim?

Claro que não é ruim, pois a imprevisibilidade é uma das motivações da humanidade para manter acesa a centelha de vida que ainda resta. Pensar no passado é interessante. É como se fôssemos a uma biblioteca com livros que contassem nossa história. A parte mais interessante desta biblioteca é estante das poesias, pois poesia não faz sentido e as melhores fases da vida são justamente aquelas que não fazem sentido. Por não fazer sentido, poesia é algo fácil de fazer. Juntemos palavras soltas em frases soltas. Não é fácil? Vejamos:

Inversamente ao amor

Temos o amor maior

Que extrapola as convenções

Que quebra convicções

Que amarra e não solta

Que sofre e não morre

Amor sorrateiro

Queima e fere

Hostiliza e maltrata

Amor maior

Ahhhhhh

O amor maior.

Viu como é fácil? Basta agora inventar um nome qualquer e pronto.

Assim são os momentos “poéticos” da vida. São sem sentido e com qualquer nome. As lembranças que temos das nossas “melhores” épocas são desprovidas de qualquer ordem, analisando-as racionalmente. Lembrei que quando aprendi a andar de bicicleta, somente andava em círculos. Fazia isso constantemente no quintal de minha antiga casa. Adorei essa lembrança, mas vejam que ela não tem sentido algum, racionalmente falando, para que possa ser considerada uma lembrança relevante, ou seja, é poesia pura.

Parece, às vezes, que ainda estou na bicicleta andando em círculos, somente o quintal que mudou.

Assim é a vida, pensamos, pensamos e pensamos e, no fim, estaremos como Frank Drebin, sem saber onde estamos e como fomos parar aqui e agora.

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